(Veja também: Instagram: The Fascinating Mizo People)

 

Em meu livro Generosidade: O Topo da Grandeza e da Felicidade, dediquei um capítulo ao povo mizo, do estado de Mizoram, no nordeste da Índia: “Tlawmngaihna: O Fascinante Código de Generosidade do Povo Mizo, Índia” (capítulo 13)

Para começo de conversa, eu tenho uma neta afetiva mizo, chamada Rosangkimi Khiangte, cujo apelido é Rasky. Foi por meio dela e sua família que eu me apaixonei pela história, cultura social, música etc. mizo (“mizou”). Rasky é uma cantora excepcional e foi isso me que levou a ela.

É “apu” (avô) para cá e “tunu” (neta) para lá.

Rasky tem hoje 15 anos

O povo mizo tem feição distinta da feição típica indiana, por ser oriundo da China, de onde migrou para a Birmânia e, de lá, para o nordeste da Índia, com língua e cultura próprias, onde foi constituído o estado de Mizoram.

Há um admirável código de ética social tradicional mizo, chamado Tlawmngaihna, “altruísmo”, segundo o qual as pessoas devem ser honestas, hospitaleiras, altruístas e serviçais. Eu admiro muito o senso geral de comunidade dos mizos. A pessoa que se preocupa com o bem-estar dos outros é uma pessoa tlawmngai, altruísta, caridosa, que é a mais elevada honra na sociedade mizo.

Muitas pessoas de outros lugares, na Índia e outros países, dizem que o povo mizo está entre os mais generosos e altruístas que conhecem. Uma jovem se disse abençoada por ter nascido em Mizoram e agradecida por ter aprendido o tlawmngaihna com o mais bondoso povo por aí.

Tlawmngaihna e “mizo” se tornaram sinônimos, de modo a se dizer de uma pessoa que não tem tlawmngaihna, que ela é “não mizo”.

Diz um provérbio mizo que reflete o tlawmngaihna: Compartilhando, você vive; comendo sozinho, você morre.

É uma espécie de provérbio oficial, que representa a filosofia de vida mizo – compartilhar. Em mizo, o provérbio é: Sem sem dam dam, ei bil thi thi. adágio italiano concorda plenamente:

Quem come sozinho rebenta sozinho; quem come em companhia vive em alegria.

“Ei rawh u”, escrito com carvão no asfalto, significa “Coma-as”. As bananas estão postas à margem da estrada, para quem quiser comer livremente. (Foto: Juliet Chhangte. Usada com permissão.)

O grupo jovem Mizo Valour canta a canção “Tlawmngaihna Hlu” (“Precioso Altruísmo”), com cenas ilustrativas de altruísmo:

A Associação Jovem Mizo (YMA, na sigla em inglês) é o ponto focal da promoção do espírito de tlawmngaihna. Os membros da YMA são os arautos do tlawmngaihna. A associação anuncia uma necessidade na localidade e todo mundo vem ajudar. É uma mobilização impressionante. Quem constrói uma casa, por exemplo, comumente conta com a ajuda de muitos voluntários.

Um carro caiu em um abismo. Muitos homens se reuniram para trazê-lo para cima. Eles o arrastaram com uma corda grossa e puxões sincronizados, através do grito uníssono e repetido de “1, 2, 3!”. Lindo! Título do vídeo (traduzido): “A maior coisa na comunidade mizo, ‘Tlawmngaihna’”

Aizawl, capital de Mizoram, foi a cidade mais afetada pela pandemia de covid-19. Muitas aldeias se reuniram em torno de Aizawl, para ajudar seus moradores. Por exemplo, moradores da aldeia de Khawruhlian enviaram sua colheita para ser distribuída gratuitamente na capital. Nos veículos que transportavam os alimentos, eles afixaram mensagens nos vidros:
• “Carregando as cargas uns dos outros, vamos continuar lutando por Mizoram.”
• “Cidade de Aizawl, não se desespere, estamos aqui por você.”
• “Compartilhando, você vive; comendo sozinho, você morre” (“Sem sem dam dam, ei bil thi thi”).

“Carregando as cargas uns dos outros, vamos continuar lutando por Mizoram”; “Cidade de Aizawl, não se desespere, estamos aqui por você”; “Compartilhando, você vive; comendo sozinho, você morre” (Foto: MizoramInsta. Usada com permissão.)

Os pais já ensinam tlawmngaihna aos filhos desde cedo. Mas tlawmngaihna não é apenas ajudar os outros; ele inclui também honestidade, cortesia, disciplina e paciência. No trânsito, os motoristas dão a vez um ao outro, que agradece: “Ka lawm e”, “Obrigado”. Nenhum carro ultrapassa outro; nem moto. Cada um segue pacientemente na ordem. Ninguém se sente superior e faz o que quer. Ninguém briga. Se alguém faz uma ultrapassagem, outros perguntam: “Você é mesmo mizo?”

E mais: ninguém buzina; apenas em situações excepcionais, pedindo passagem. Buzinar lá é culturalmente rejeitado.

Todos respeitam a ordem no trânsito. Ninguém se sente superior e usa a pista contrária para ultrapassar ninguém. E ninguém buzina, exceto em situações excepcionais.

Uma mulher deu à luz um bebê, em Mizoram, sendo constatado, no dia seguinte, que ela estava com covid-19, bem como os seus familiares. Nenhum deles podia cuidar do bebê. Uma jovem universitária, Nima Lalkrosfeli, se ofereceu para cuidar voluntariamente do bebê, apesar do risco de ele estar também infectado. Nima foi muito elogiada.

Nima Lalkrosfeli, estudante de Administração Pública, Educação e Língua Mizo. Uma jovem tlawmngai – altruísta. (Foto cedida pela própria Nima.)

Os mizos não são admiráveis?

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