A professora não mostrou um mapa. Apenas disse que Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança, descobrindo assim o caminho marítimo da Europa para a Índia.

Mostrando a Europa, a África e a Índia em um mapa, ela poderia apontar nele o percurso do navegador português, descendo por um lado da África e subindo pelo outro. Seria fácil entender que “dobrar o Cabo da Boa Esperança” significa contornar a ponta da África, na África do Sul, passando do oceano Atlântico para o Índico.

Antes de mais nada, ela não disse o que é um cabo – uma ponta de terra do continente no mar, no caso. A imagem em minha mente era de um cabo de alguma coisa. E o que seria “da Boa Esperança”? Seria o tal cabo uma vara usada como amuleto pelos navegadores? Mas por que Dias dobrou o cabo? Era flexível? Ele estava com raiva? Perdeu a esperança?

No exame, pus assim o grande feito de Bartolomeu Dias: “Ele quebrou o cabo da Boa Esperança.”

A professora me perguntou, diante da turma, por que eu escrevi “quebrou”, em vez de “dobrou”.

Eu disse, com sincera ignorância: “Ah, professora! Se Bartolomeu dobrou o cabo, deve ter quebrado.” Ela riu.

Pense agora comigo. Quando explicamos a alguém como chegar a um certo lugar, dizemos: “Depois, dobre à esquerda.” Ou “vire” e, para minha felicidade, “quebre”. Bartolomeu “quebrou à esquerda”, quando chegou à ponta da África. Se eu pudesse voltar no tempo, levando a manha de hoje, responderia à professora: “Eu não escrevi direito. Mas Bartolomeu quebrou sim; não ‘o’ cabo e sim ‘no’ cabo. Ele quebrou à esquerda, no Cabo da Boa Esperança. E, depois, à esquerda novamente. Pronto! Estava contornado o extremo sul da África e descoberto o caminho para a Índia. Vou ganhar o ponto, né, tia?”

Descomplicando a Fé Cristã
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