— Bom dia! Eu queria um provérbio para dizer ao meu marido.
— Ah, nós temos muito provérbios bonitos sobre o amor!
— Bem, não é esse o caso, exatamente.
— As, sim! O que a senhora tem em mente?
— Olha, a história é desagradável…
— Se a senhora quiser contar, fique à vontade.
— Eu perguntei a ele, com muito jeitinho, se ele tem uma boa noção da fisiologia e da psicologia feminina… no que diz respeito aos momentos íntimos…
— Ah, a maioria não sabe… eles acham que a mulher é como o homem…
— Pois é! Então ao sugeri a ele que viesse aqui e comprasse um ou outro provérbio que fosse um discreto conselho, sabe?
— Entendi. A senhora fez muito bem! Como se diz na Espanha, não há conselheiro mais certeiro que o refraneiro. Imagino que ele pode ter escolhido um provérbio discreto e elegante como este, americano: Não se deve apressar uma mulher.
— Muito bom! Discreto e didático. Mas não foi esse que ele levou. Ele quis fazer graça e escolheu um provérbio de muito mal gosto.
— Eu não acredito que ele escolheu o provérbio da vaca!
— Pois acredite!
— É um provérbio muito vendo, infelizmente. Os homens riem muito aqui na loja, quando se deparam com ele.
— Que ridículos!
— Mas a senhora sabe: não há imposto sobre o mau gosto.
— Agora imagine a senhora! Eu preparei um jantar para nós dois, ele chegou e disse, rindo: “Querida, estou, devidamente instruído na arte do amor!” Eu sorri para ele, na expectativa de ouvir um provérbio bonito, como esse que a senhora falou…
Não se deve apressar uma mulher.
— …mas ele recitou às gargalhadas: Acaricia a vaca antes de a ordenhares.
— Bem, as carícias são a base de tudo…
— Mas a metáfora é de péssimo gosto!
— Sem dúvida! De fato, é um provérbio desrespeitoso. Como dizem bem os alemães, nós temos muitos provérbios grosseiros, mas de bom sentido. São cômicos, às custas da beleza.
— De onde vem o infeliz provérbio?
— É um provérbio hauçá, da África Ocidental. Tem um viés cultural…
— Então as mulheres de lá se sentem felizes como essa metáfora?
— Esse tipo de coisa apela mais aos próprios homens, entre si, por diversão.
— Eu vou dar um chute nele! E queria fazê-lo com um provérbio.
— Uma boa ideia! Eu tenho um aqui que se encaixa muito bem na situação. É sobre a individualidade dos gostos. Veja se gosta.
— Amei! Vou levar esse. É brasileiro?
— Não; é inglês.
— Vou falar para ele: “Eu trouxe um provérbio para você: Cada homem como ama, disse o bom homem quando beijou a sua vaca. Portanto, visto que eu não serei, sequer em gracejo de metáfora, a vaca que você acariciará antes de ‘ordenhar’, adeus!”

As duas riram. Ficaram amigas.

Três semanas depois de separada, a moça foi assassinada pelo ex-marido inconformado, com cinco facadas no peito.

Homens abusados, autoritários, de virtude duvidosas, são covardes, desconhecem o respeito, a consideração, a ternura, o próprio amor. A vendedora de provérbios foi ao enterro da nova amiga e lá disse um adágio alemão a alguém, sobre os homens abusados: É fácil levar o diabo para casa, mas é ruim se livrar dele.

Descomplicando a Fé Cristã
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