Uma carreta transportando leite em caixas quebrou e, à margem da rodovia, foi saqueada por locais. O motorista assistia a patética cena, assustado.

Um pequeno caminhão que transportava calçados, tombou na descida da serra de Petrópolis. Locais carregavam pilhas de caixas de calçados.

Uma carreta tombou na descida da Serra das Araras. Locais e motoristas que passavam levaram muito iogurte para casa.

Há gente desonesta para todo lado. Ninguém se junta para proteger a carga e ajudar os motoristas que devem ficar com medo.

Mas suspeito que saquear carro de carga na estrada não foi uma invenção brasileira. Diz um provérbio português do século XVI: A carro entornado todos dão de mão. Ei, “todos”, não!

Mas aqui os veículos de carga não são saqueados somente quando quebram ou se acidentam; são levados rodando, sequestrados, com o motorista, por criminosos.

No estado indiano de Mizoram, há um código de ética chamado de tlawmngaihna, que pode ser traduzido por altruísmo, mas envolve outras coisas: honestidade, paciência, disciplina. Espera-se que todo mizo seja generoso com o próximo. Isso está tão enraizado na cultura de lá, que não ajudar quem precisa ou buzinar no trânsito é considerado atitude de um “não mizo”. Agricultores põem um pouco de sua produção à beira da estrada, por exemplo, para quem precisar. Podem ser frutas, verduras etc.

“Ei rawh u”, escrito com carvão no asfalto, significa “Coma-as”. As bananas estão postas à margem da estrada, para quem quiser comer livremente. (Foto: Juliet Chhangte. Usada com permissão.)

Tenho certeza de que não poucos brasileiros parariam ali e levariam todas pencas de bananas. Estou errado? Temos que “levar vantagem em tudo”, como diz o preceito maldito.

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